Entrada e saída de “usuários” do Serviço de Atendimento Psicológico da FEA e Utilização das salas de supervisão.
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Qual entrada os alunos de Psicologia da FEA acham mais adequada para os pacientes do SAP? |
Desde sua criação em 1967 a Fundação Educacional Araçatuba - FEA busca atender à demanda social existente na cidade de Araçatuba, que na época estava carente de instituições de ensino superior. Visando a necessidade de criar cursos superiores (já que somente existiam duas instituições de ensino superior privada e outra estadual) A FEA teve a intenção inicial de criar um curso de medicina, ao decorrer do tempo a proposta não se consolidou, mas, a FEA desenvolveu um caráter voltado para o social e assim por volta e 1989 começou funcionar efetivamente, tempos depois criou o curso de psicologia, que foi se adequando e aperfeiçoando ao longo do tempo, um dos grandes avanços do curso foi a construção do prédio destinado ao Serviço de Atendimento Psicológico – SAP, porem ainda existe questões quanto a qualidade do SAP em aspectos físicos.
O paciente chega sempre ao SAP sobre alguma forma de tensão, deste um pequeno problema psíquico até mesmo uma patologia crônica. O fato é que algo o leva procurar ajuda. Seu contato inicial será com a secretária, com a recepcionista ou com o porteiro, responsáveis pela impressão que ele estabelecerá dos estagiários que, muitas vezes, ainda nem o conheceu. Por isto, quem está responsável por este acolhimento lida diretamente com quem busca ou utiliza os serviços do SAP e precisa estar muito bem treinado e motivado. Este profissional deve gostar do seu trabalho e de lidar com o público.
As funções destes profissionais, que de fato auxiliam o trabalho terapêutico, já começam na recepção, onde podem garantir o bom atendimento dos pacientes, principalmente os que necessitam de atenção especial, como idosos, deficientes físicos, crianças, portadores de baixa visão e problemas psíquicos mais agravantes.
Entretanto não temos uma pessoa especifica para ficar na linha de frente, e a que esta a disposição é sempre pega pela retaguarda. Os pacientes não utilizam mais os portões da clínica que passaram a ficar fechados por falta de funcionário e sustentada por um discurso em partes coerente de inclusão do paciente. Oras, esta inclusão não deveria acontecer gradativamente no decorrer do trabalho terapêutico?
Além desta existem outras questões como a acústica das salas do SAP, o quanto a faculdade perdeu em dinâmica acadêmica com a mudança da sala dos professores para o SAP, já que acabou com os diálogos aluno/docente nos corredores,... Mas a presente pesquisa feita pelo CA visa apenas focar o acesso dos usuários e a utilização das salas de supervisão do SAP.
Para a realização da pesquisa foram entregues, entre os dias 9 e 11 de novembro de 2010, questionários (ver Anexo 1) aos alunos do 10º semestre do curso de psicologia. Por se tratar de uma pesquisa participativa, foi facultativo o preenchimento do questionário, 17 alunos o responderam. A partir destas respostas, foi possível constatar que, de forma geral, os alunos possuem pontos de vistas bem parecidos.
A maioria começou a atender com os portões da clínica fechados. Os alunos disseram que muitos pacientes no primeiro dia ficam perdidos e desorientados, não são bem acolhidos, alguns se colocaram no lugar do paciente e estando na mesma situação preferia entrar pelos portões que se destinam à clínica.
A grande maioria dos participantes da pesquisa disse que o acesso deveria de fato ocorrer pela porta do SAP. Um participante foi mais além e disse que pacientes expressaram constrangimento, os demais também notam constrangimento embora não deixaram claro se ouve verbalização do paciente sobre o assunto, apenas um acha interessante o acesso pelas catracas, pois acredita em uma interação com os funcionários da FEA.
Se por um lado existe o constrangimento do paciente, por outro possa existir o constrangimento do terapeuta estagiário. Porém, são poucos. A grande maioria dos participantes da pesquisa disse agir normalmente ao encontrar o paciente fora do contexto clínico. Os problemas se dão por conta do paciente querer discutir sobre o processo terapêutico em local e momento não adequado, o terapeuta estagiário estar distraído com afazeres acadêmicos e não prestar atenção no paciente, e muitos alunos de outros cursos ou mesmo os novatos no curso de psicologia não terem uma compreensão e preparo para recepcionar os pacientes – já que agora a recepção também é feita pelos demais alunos, indo desde o gramado, passando pelas catracas, salas de aulas, secretarias, diretoria, banheiros até o SAP.
Um dos participantes da pesquisa relatou estar na cantina comendo e no mesmo momento, o paciente o cumprimentou de longe, na correria não deu tempo de responder o cumprimento deixando passar despercebido.
Mudando completamente de ótica tentamos mostrar aos participantes pontos positivos na entrada das catracas:
“Entrando pelos portões juntos dos outros alunos, essas pessoas podem se sentir mais socializadas, normalizadas. Enquanto psicólogos deveríamos, mesmo dentro da clínica, vencer a barreira do preconceito. Pois como dizem, “de médico e de louco, todo mundo tem um pouco”.
Nesta questão prevaleceu o bom senso já que vamos dar autonomia para o paciente que seja inserido de uma forma ativa dentro da faculdade sugeriram que seja opcional a entrada dele, tanto pelas catracas quanto pelos portões principais do SAP, já que muitos preferem o sigilo e privacidade no momento de fragilidade. Houve relatos que funcionários deveriam ao menos ter um preparo específico para receber os pacientes. Mas será que toda a faculdade vai ter este preparo?
Pessoas com fobias ou transtornos similares de fato sofrem entrando pelas catracas principalmente se for durante o intervalo resumindo esta questão cabe um comentário pertinente de um dos participantes “pra que complicar?!”
Entendemos a clínica escola e o SAP como um conjunto de serviços gratuito destinado para a comunidade, e mesmo com caráter social a FEA não passa de uma instituição de ensino privada. Portanto, o trabalho e aprendizado prático terapêutico não devem ser tido como meras disciplinas universitárias. Estamos lidando com vidas, e todo trabalho de supervisão parece estar comprometido fora do SAP.
A maioria dos participantes relata que foi bom a FEA crescer, mas por outro lado “aumenta o numero e diminui a qualidade”, agora que as salas do SAP foram transformadas em salas de aula, dos professores, de coordenadores e diretorias, faltam salas para atendimento. Muitos não conseguem repor feriados ou ponte, e os alunos não têm autonomia de consolidar seus horários. A transição dos alunos, que não são estagiários do SAP, pelos corredores da clínica atrapalha a dinâmica e o bom funcionamento.
Apenas dois acreditam não interferir na qualidade, mas um deles junto com os demais diz que a supervisão nas salas é constantemente atrapalhada por alunos que entram para deixar seus materiais, afinal o espaço também é deles. Em alguns casos houve professor brigando por causa de sala de supervisão, segundo um dos participantes.
Dentre os problemas que foram levantados um dos alunos apresenta uma questão interessante: se alegavam que o fechamento dos portões do SAP se dava por falta de porteiro – que deveria ser contratado por meio de concurso publico –, após o concurso ter sido realizado e terem sido contratados novos funcionários, por que o acesso pela clínica continua fechado?
Existem muitas possibilidades com o crescimento da FEA, com mais alunos a ingressar na faculdade, o prédio da mesma não suportará tantas salas e tantos alunos. Dessa forma, há a grande de probabilidade de, futuramente, alguns desses alunos serem enviados à unidade I da FEA – que não está funcionando, ao contrário do que informa o site da faculdade – se não houver a criação de novas salas, que é necessária. Enquanto isto não ocorre, os alunos se amontoam feito sardinha em lata na unidade II da FEA.
Outro ponto importante que não aparece nas pesquisas, mas alunos de outros semestres, que conhecem a dinâmica do SAP, relatam que as paredes mal projetadas e o ruído da sala de aula ou conversas paralelas nos corredores invadem as salas de atendimento.
Acreditamos que com este material possamos estruturar melhor o SAP. A solução destacada pelos participantes da pesquisa se resume na permissão ao acesso dos usuários do SAP por onde lhes é de direito, pelo portão da clínica. E caso a faculdade se interesse mesmo pela a dinâmica das duas entradas, É importante a existência de uma sinalização indicando onde estão as duas possibilidades de acesso, ou pelo menos, uma forma de informar aos pacientes isto. Quanto às salas de supervisão, o ideal é que sejam retomadas para aquilo que realmente se destinam.
Enfim, ficam sugeridos aqui temas para outras novas pesquisas na faculdade, tratando de questões importantes, envolvendo aqueles que estão inseridos nesse mesmo contexto e vivenciando estes problemas, aqueles que são – ou deveriam ser – os mais interessados pela qualidade do curso e pela sua formação no ensino superior: os próprios alunos.